Estudo revela que aditivos alimentares derivados de proteínas de fígado de aves podem melhorar a saúde e reduzir custos de produção de tilápias criadas em sistemas intensivos.

Tilápia
Destinationkho, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons


Um recente estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa A Universidade Federal de Viçosa é uma universidade pública brasileira, com sua sede localizada na cidade de Viçosa, no estado de Minas Gerais, possuindo campus também nas cidades de Rio Paranaíba e Florestal
Fonte: Wikipedia
em parceria com a Embrapa trouxe resultados promissores para a piscicultura brasileira. O estudo apontou que o uso de aditivos alimentares à base de hidrolisados de proteínas de fígado de aves pode fortalecer a defesa celular de tilápias criadas em sistemas intensivos. Além de trazer relevância científica, a descoberta possui implicações econômicas significativas, considerando que o Brasil é um dos maiores produtores de carne de frango, dispondo assim de matéria-prima abundante para a produção dos aditivos.



A descoberta científica

Os pesquisadores conduziram testes alimentares em tilápias, comparando grupos alimentados com hidrolisados de proteínas de fígado de aves e grupos controle. Os resultados indicaram uma redução significativa na formação de proteínas carboniladas nas brânquias dos peixes que consumiram os aditivos. As proteínas carboniladas são indicadores de lesões celulares causadas por danos oxidativos. A diminuição dessas lesões nas tilápias alimentadas com os hidrolisados sugere que o aditivo estava prevenindo e reduzindo danos celulares, tornando os peixes mais resistentes e menos propensos a doenças.


O estresse na piscicultura

Peixes criados intensivamente em viveiros frequentemente enfrentam situações estressantes, como durante o manejo de classificação, quando são expostos ao ar e têm a captação de oxigênio pelas brânquias reduzida. Esse tipo de estresse desencadeia desordens metabólicas, incluindo a produção de espécies reativas de oxigênio, que causam danos às células por meio de radicais livres. A presença dessas espécies reativas de oxigênio pode comprometer a saúde dos peixes, resultando em menor consumo de ração, crescimento prejudicado e maior susceptibilidade a doenças.







O papel dos aditivos alimentares

Os aditivos alimentares surgem como uma estratégia promissora para proteger os peixes desses estresses e melhorar a resistência celular. Eles têm a capacidade de aumentar o consumo de ração, melhorar a utilização de nutrientes e fortalecer a tolerância ao estresse em sistemas de manejo intensivo. Nesse contexto, os hidrolisados proteicos, derivados do fígado de aves, se mostraram especialmente eficazes na alimentação das tilápias, proporcionando-lhes maior capacidade de tolerar e se recuperar dos efeitos do estresse.


Benefícios econômicos e sustentáveis

Além dos benefícios para a saúde dos peixes, a pesquisa destaca a importância econômica dos aditivos alimentares. A alimentação dos peixes pode representar até 70% dos custos totais de produção em sistemas intensivos, tornando-a um fator crucial para a viabilidade econômica da piscicultura. A substituição de ingredientes tradicionalmente utilizados por outros mais acessíveis, como os de origem vegetal ou hidrolisados proteicos derivados de subprodutos da indústria avícola, pode reduzir significativamente os custos de produção e tornar a atividade mais sustentável.


Potencial do Brasil na produção de aditivos

O Brasil, como um dos principais produtores de carne de frango no mundo, possui vasta matéria-prima disponível para a produção de hidrolisados proteicos. As vísceras das aves, incluindo o fígado, representam uma parcela significativa do peso vivo do animal, tornando esse subproduto uma alternativa viável, sustentável e econômica para a produção de aditivos alimentares. Isso reforça a importância de explorar e aproveitar os recursos disponíveis no país, contribuindo para a indústria da piscicultura e para a utilização inteligente de subprodutos da indústria avícola.


O estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa e Embrapa trouxe resultados promissores para a piscicultura brasileira ao evidenciar os benefícios dos aditivos alimentares à base de fígado de aves na melhoria da defesa celular de tilápias criadas em sistemas intensivos. Além de fortalecer a saúde dos peixes, esses aditivos podem reduzir os custos de produção, tornando a atividade mais sustentável e economicamente viável. O potencial do Brasil na produção de hidrolisados proteicos a partir de subprodutos da indústria avícola abre caminhos para a pesquisa e o desenvolvimento de estratégias nutricionais inovadoras na aquicultura, beneficiando tanto o setor produtivo quanto o meio ambiente.


Fonte: EMBRAPA