Pesquisas da Embrapa indicam que castanheiras-da-amazônia são eficazes na recuperação de solos degradados, promovendo restauração ambiental e oportunidades econômicas.

Castanheiras.
Foto: Roberval Lima, retirada de Embrapa


A Amazônia enfrenta um desafio significativo de restauração de solos degradados, com mais de 5 milhões de hectares necessitando de recuperação. No entanto, uma descoberta promissora aponta para a eficácia das castanheiras-da-amazônia (Bertholletia excelsa) na reabilitação dessas áreas. Este estudo realizado pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) destaca a capacidade notável dessa espécie para recuperar solos em áreas onde a floresta foi retirada.


Recuperação de Solos Degradados

A pesquisa se concentra em cultivos de castanheiras implantados em áreas previamente degradadas, que eram usadas como pastagens no estado do Amazonas. O pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Roberval Lima, ressalta que a castanheira demonstrou uma capacidade de crescimento adaptada a esses solos degradados, tornando-se uma candidata promissora para a restauração.


Respiração do Solo

Um aspecto crucial da pesquisa é a análise da "respiração do solo", que envolve uma série de fatores bioquímicos que afetam a qualidade do solo. Os estudos compararam a capacidade de respiração do solo e a emissão de gases em diferentes ecossistemas dentro do bioma amazônico. Os resultados indicam que os plantios de castanheiras apresentam melhorias significativas na qualidade do solo, restaurando suas características químicas, físicas e a presença de microrganismos.


Comparação com Áreas de Pastagem

Pesquisas revelaram que os solos em plantios de castanheiras têm uma qualidade 50% superior àquela de áreas de pastagem degradadas. Em comparação com ecossistemas naturais e áreas pós-desmatamento, os plantios de castanheira mostraram uma tendência notável em direção à recuperação de solos semelhantes aos de uma floresta natural.


Fazenda Aruanã: Um Caso de Sucesso

Um dos locais de destaque para essa pesquisa é a Fazenda Aruanã, no município de Itacoatiara, Amazonas, que agora abriga o maior plantio de castanheiras do mundo, com cerca de 1,3 milhão de árvores. Esta área, que antes era pasto degradado, foi transformada em um exemplo de restauração bem-sucedida. O pesquisador Roberval Lima conduz estudos na fazenda desde a década de 1990, contribuindo para o manejo silvicultural e a produção de frutos e madeira. Hoje, a área está totalmente recuperada, trazendo benefícios ambientais, como a restauração do solo e a atração da fauna, além de oportunidades econômicas.


Ciência Contribui para Aumento da Produção de Castanhas

O Brasil é o maior produtor mundial de castanhas-da-amazônia, com cerca de 33 mil toneladas por ano. No entanto, a capacidade de expansão da produção por meio do extrativismo está chegando ao limite. A ciência tem desempenhado um papel fundamental na antecipação do tempo de produção das castanheiras. Com técnicas silviculturais recomendadas, é possível reduzir o tempo de germinação das sementes de 18 para 6 meses, além de utilizar enxertia de copa e clones precoces selecionados para antecipar a produção de frutos.


Importância da Preservação da Mata Nativa

É crucial manter faixas de mata nativa entre as áreas de plantio de castanheira para favorecer a presença de polinizadores. Na Fazenda Aruanã, faixas de mata de 500 metros foram preservadas entre os plantios para estimular a polinização das castanheiras.


As castanheiras-da-amazônia podem desempenhar um papel fundamental na recuperação de solos degradados na Amazônia, contribuindo para a restauração ambiental e oferecendo oportunidades econômicas para as comunidades locais. À medida que a pesquisa continua a avançar, a utilização sustentável dessa espécie pode se tornar uma peça fundamental na preservação desse bioma vital.


Fonte de informações: Embrapa